Comportamentos excessivos de inquietação, agressividade, desorganização, distração, dificuldades em cumprir regras, dificuldades no autocontrole e postura desafiadora, podem ser decorrentes de uma alteração neuropsiquiátrica denominada Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza por sintomas marcantes de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Dentro dos transtornos psiquiátricos, é o mais comum na infância. Estima-se que ele atinge de 3 a 7% em idade escolar em todo o mundo.
Atualmente, uma das principais problemáticas observadas no processo de ensino/aprendizagem está relacionada a comportamentos inadequados de alguns alunos nas diversas atividades escolares e nas mais variadas faixas etárias.
Todo indivíduo é, em certa medida, um pouco desatento, impulsivo, desorganizado e nem sempre finaliza as tarefas almejadas, especialmente se tratando de uma criança de 6 ou 7 anos. Mas, um grupo particular de indivíduos mantém, como característica principal, comportamentos hiperativos, agressivos e desorganizados, que não podem ser considerados como “normais”.
Podemos deparar, no âmbito escolar, com crianças que respondem aos professores com agressividade, não gostam de respeitar regras, agridem e insultam colegas, atrapalham as aulas, não fazem atividades ou as deixam pela metade, não param quietas e são sempre vistas como desorganizadas, indisciplinadas e aéreas. Na maioria das vezes, são rotuladas de “rebeldes”, ou “mal-educadas” e “bagunceiras”.
Sendo assim, é fundamental o professor conhecer os sintomas e os problemas que o TDAH pode ocasionar na aprendizagem e socialização do aluno pois é no âmbito escolar, que o transtorno tem suas características mais acentuadas onde o aluno deve cumprir metas, seguir rotinas e executar tarefas (habilidades extremamente difíceis para o portador do transtorno).
A pessoa com TDAH apresenta sérios prejuízos sociais. Perde objetos e materiais. Está sempre desorganizada. Vive distraída. Se esquece facilmente. Não memoriza. Não é capaz de esperar. Quando envolvida em uma conversa, quebra todos os códigos de etiqueta. Repetidamente, interrompe a fala do outro ou não ouve o que o outro diz. É incapaz de integrar-se socialmente. Assim, a vida social desse indivíduo está sempre "por um fio". Nele, a prudência e a reflexão necessárias à direção das ações mais importantes da vida estão prejudicadas. Ele é um indivíduo naturalmente propenso ao risco, uma pessoa que se direciona pela lógica do tudo ou nada, que não mede as consequências de suas ações.
As causas desse transtorno, apesar de ainda não completamente definidas, podem ser atribuídas a uma combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Algumas lesões neurológicas mínimas podem ocorrer durante a gestação ou nas primeiras semanas de vida. As alterações químicas cerebrais também são consideradas como causadoras dos sintomas. (Sampaio, 2004). Uso de drogas, álcool e o fumo na gravidez, também são apontados como uma das causas.
Atualmente, estudos indicam que existem alterações na liberação de neurotransmissores e em especial a Dopamina e a Noradrenalina. A anatomia funcional dessa rede de circuitos neurais compõe dois sistemas atencionais: um dopaminérgico que envolve a região pré-frontal e suas conexões subcorticais, e outro noradrenérgico, responsável pela regulação da atenção seletiva.
O aluno com TDAH passa por vários desconfortos pessoais devido às dificuldades na área da atenção, do controle de seus impulsos e da hiperatividade. Como consequência, acaba apresentando problemas de relacionamento e de aprendizagem, em decorrência de alterações nas funções neurocognitivas. Crianças com esse transtorno são mais propensas a apresentar prejuízos nos cálculos matemáticos, na memorização de tabuadas, fórmulas, bem como dificuldades na orientação espacial, coordenação global, motora fina, disgrafias e disortografias. O tratamento é multidisciplinar, podendo envolver neurologistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos.
O uso de medicamentos e as terapias
Geralmente, os medicamentos utilizados para tratar os sintomas do TDAH são da classe dos estimulantes (que, apesar do nome, causam um efeito calmante), como é o caso da Ritalina, um dos mais indicados pelos médicos. Esses medicamentos podem reduzir a hiperatividade e impulsividade, além de melhorar a capacidade de concentração e aprendizado da pessoa que tem o transtorno. As terapias também são bem-vindas para o indivíduo com TDAH, pois ajudam a controlar impulsos e lidar com acontecimentos emocionalmente difíceis.
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