Frente a esse novo cenário, pandemia, aulas suspensas, isolamento social e ensino a distância, nos deparamos com a alfabetização de nossas crianças. E agora?
Apesar de a alfabetização ser uma etapa muito sensível, existem muitos recursos e estratégias que podem diminuir os impactos negativos durante o afastamento social. O engajamento dos alunos é um dos principais desafios da educação a distância e nesse momento cabe a você pai demonstrar real interesse no que seu filho está aprendendo. Esse simples gesto pode fazer toda a diferença.
Ensinar a ler e escrever vai muito além de exercícios motores, treino de letras e palavras isoladas. Para aprender a ler e escrever a criança primeiramente precisa encontrar um verdadeiro sentido para isso. Por que aprendemos ler e escrever? Essa reflexão sobre o uso social da escrita tem que fazer parte do processo da alfabetização da criança. A importância da escrita está no seu uso para nos comunicarmos com o mundo, organizarmos nossa vida, satisfazermos desejos, registrarmos momentos e fixarmos memórias.
A criança precisa compreender o verdadeiro valor e o significado da escrita em sua vida. É necessário que a leitura e a escrita estejam incorporadas no dia a dia dela. Se ela quase não observa ninguém lendo, se informando ou se divertindo com a leitura, por que haveria de querer aprender, por conta própria, ler e escrever? É muito difícil ter interesse por algo que está ausente.
Como ajudar de fato meu filho em casa?
Comece criando o hábito de ler para seu filho. Leia todos os dias. Leia poesias, narrativas, contos de fadas, parlendas. Essa atividade irá promover o desenvolvimento da atenção auditiva (uma das habilidades essenciais para a aprendizagem). E por mais que pareça que ele não está atento, não desista! Certamente ele estará absorvendo vocabulário e estruturas sintáticas que com a linguagem cotidiana não lhe permitiria aprender.
Crianças que vivem em contato diário com práticas de leitura e escrita, formulam ideias e desenvolvem hipóteses próprias sobre como se lê e como se escreve. Essas ideias precisam ser acolhidas. Elas precisam sentir-se capaz e com boas ferramentas para aprender.
Portanto, ofereça sempre a seu filho, livros, revistas, materiais gráficos e coloque-o para explorar, incentive-o a escrever sem medo. Deixe-o a vontade para errar, para se arriscar a escrever como pensa, sem pressão de ter que acertar. Esse tempo de errar é na verdade o processo de construção da escrita. Faça-o a sentir que não é uma tarefa árdua e sim parte de sua atividade de brincar.
Estabelecendo uma rotina dentro de casa, tudo poderá ficar mais fácil para que a aprendizagem aconteça. Crie um cronograma escrevendo as tarefas diárias e fixe-o em uma parede da casa. Ensine seu filho a seguir e a cumprir com todos os deveres. Defina horários e coloque-o também para fazer atividades dentro de casa, como, arrumar o quarto, dobrar a roupa e organizar os brinquedos. Você estará estimulando a leitura de seu filho só pelo simples ato de seguir a rotina, ao passo que noções de disciplina e responsabilidade também estarão sendo desenvolvidas.
Tarefas como tomar nota de algum recado, fazer a lista do mercado, anotar um compromisso na agenda ou pesquisar uma receita de bolo e copiar no papel também são maneiras de incentivar o aprendizado da leitura e escrita e poderão fazer parte da rotina como uma regra a ser cumprida.
Priorize um tempo do seu dia para dar atenção a seu filho. Reserve essa hora para estimular a alfabetização por meio das brincadeiras. Organize uma caixa com papéis, lápis coloridos, gizes de cera; crie jogos e brincadeiras em papelão, materiais plásticos como, por exemplo, o jogo de memória, dominó, varalzinho com letras e palavrinhas pregadas... Crianças gostam de criar, fantasiar e isso será um ótimo momento para explorar sua criação e imaginação.
Deixo aqui também o quão importante é o estímulo da habilidade da memória para a aprendizagem, principalmente a memória de curto prazo. Crianças com dificuldades de seguir sequências provavelmente terão dificuldades na alfabetização. Assim, treine a memória com seu filho. Você pode por exemplo pedir para que seu filho obedeça comandos do tipo: " Vá a cozinha, pegue uma colher e traga-a para mim." Essa é uma sequência de três comandos, mas você pode tornar a atividade mais complexa de acordo com seu desempenho. Seu filho sentirá cada vez mais desafiado à medida que o número de instruções for aumentando.
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