“Tem momentos que ele fala até bem. Em outros, gagueja demais! Eu preciso explicar que ele precisa falar devagar, ficar calmo, respirar direito!” Quantas vezes essa fala é repetida em muitas famílias! Mas afinal, o que é gagueira? Porque as crianças gaguejam, ainda tão pequenas?
A gagueira pode ser definida como um transtorno neuropsíquico, uma perturbação mais ou menos grave da palavra, caracterizada pela hesitação, pela repetição, pela suspensão penosa ou mesmo pelo impedimento da faculdade de articular (Bloch, 1986).
Gagueira é uma alteração neuropsíquica que manifesta-se na fala por hesitações, repetições e suspensões de palavras. Para compreender melhor o sintoma da gagueira, precisamos falar um pouquinho sobre emoção. Não é só o falar que está modificado, mas sobretudo o aspecto emocional. Nossos músculos reagem quando nos emocionamos. Sentimentos de alegria, tristeza, raiva, fazem nossos músculos do rosto se colocarem em uma determinada posição. Nossa respiração também muda, podendo ficar lenta ou acelerada conforme nossas emoções. E para falar, precisamos usar nossos músculos faciais e usar o ar dos pulmões. Mas todos esses movimentos são naturais; não pensamos que precisamos respirar, movimentar lábios e língua ao falar, ou seja, a fala sai espontaneamente. (Friedman, 2015) Quando a emoção vem, uns falam rápido, suam, tremem, outros não falam, ficam com um nó na garganta, o coração batendo forte, outros falam de modo entrecortado e repetido. Sendo assim, quanto mais sensível é a pessoa, mais ela pode se emocionar e maior é a possibilidade de gaguejar. Então, gaguejar é natural, ainda mais quando se trata de criança, que está aprendendo coisas novas que, se emociona com algo novo, se excita em momentos de alegria ou ansiedade, se entristece com o adulto por não o entender, etc. Ao falar em momentos de emoção, a criança pode gaguejar e isso é totalmente natural. Portanto, se sabemos que a criança está manifestando suas emoções, não podemos inibi-la, dizendo para ficar calma, falar devagar! Se assim procedermos,a deixamos nervosa, pois percebe que não consegue cumprir a ordem dada pelo adulto.Fará forças para controlar sua fala e, o movimento da fala que deveria ser espontâneo, passa a ser controlado. E é aí que mora o perigo. A criança tenta a controlar cada vez mais sua fala, os momentos de tensão e ansiedade aumentam e, consequentemente a gagueira pode se instalar definitivamente na vida da criança. Chamar a atenção, só aumenta os sintomas da gagueira. Sendo assim, devemos deixá-la expressar-se livremente. Escute o que seu filho fala e faça-o sentir-se feliz com o que diz! A gagueira pode estar mais no ouvido de quem ouve do que nas palavras de quem fala!
A opinião de um profissional é sempre melhor
Via de regra, "gaguejar", até os quatros anos de idade é natural e a gagueira tende diminuir com o passar do tempo. Entretanto, o mais sensato é avaliar cada caso. Há situações em que é necessária uma intervenção mais precocemente, evitando gerar um ambiente de angústia e sofrimento aos familiares. A gagueira pode produzir sérias consequências emocionais como o isolamento, dificuldades de relacionamento, insegurança e baixa autoestima. Portanto, o mais recomendado é uma avaliação fonoaudiológica do indivíduo que está gaguejando. Na maioria dos casos, o acompanhamento fonoaudiológico consegue sanar o problema, desde que essa intervenção ocorra logo no início dos primeiros o sintomas. Entretanto, quando não se recebe ajuda prontamente, os sintomas tendem a agravar-se e a pessoa que gagueja passa a manifestar alterações corporais como os chamados tiques e cacoetes.
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